AS PRISÕES PSICOLÓGICAS DE “FILHOS”.
Por Celso Sabadin.
Segundo longa do premiado diretor sueco Gustav Möller, “Filhos” chega aos cinemas brasileiros chancelado pela seleção da mostra competitiva oficial do Festival de Berlim. O roteiro do próprio diretor – em conjunto com seu habitual parceiro de escrita, o inglês Emil Nygaard Albertsen – assume o risco de ambientar sua trama totalmente no interior de uma grande penitenciária. E nem por isso o longa se torna claustrofóbico: aqui, as prisões são psicológicas.
Eva (Sidse Babett Knudsen, em grande intepretação) trabalha neste presidio, onde trata seus internos, de pouca periculosidade, como se fossem seus filhos. Ou quase isso. Todas as manhãs lhes pergunta se dormiram bem e os ajuda com as lições da escola. Até o dia em que a chegada de um novo presidiário a abala profundamente.
Como saber os motivos desta perturbação é um dos bons suspenses que o filme traz, recomendo a não visualização de textos e trailer antes de assisti-lo. Exceto aqui o meu, claro, que não tem spoiler.
Muito além do suspense, “Filhos” é um intenso drama psicológico que corajosamente aposta suas fichas não apenas numa única ambientação (nunca vemos nada da vida de Eva fora de seu ambiente de trabalho), como também num único conflito dramático, potencializando assim a força e o alcance de sua vigorosa dramaturgia.
O título original dinamarquês – “Vogter” – não significa “filhos”, como preferiu seu nome internacional, mas sim algo como “guardião”, o que acaba representando – até de uma forma cruel – a difícil função da protagonista.
O elenco ainda traz Sebastian Bull (“A Caça”), Dar Salim (“O Pacto” e da série “Game of Thrones”), Marina Bouras (“Os Idiotas”) e Jacob Lohmann (“O Bastardo”).
Coproduzido por Dinamarca, Suécia e França, “Filhos” chega nesta quinta, 31/07, aos cinemas de São Paulo, Rio de Janeiro, Niterói, Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre, Caxias do Sul, Curitiba, Florianópolis, Salvador, Maceió e Recife.