FAM 2025 EXIBE 15 FILMES CONVIDADOS.
Produções estarão na abertura do Festival, em sessões seguidas de debate e no streaming, ao alcance do público em todo o país.

Além das Mostras Competitivas, a 29ª edição do Festival Internacional de Cinema Florianópolis Audiovisual Mercosul – FAM 2025 mais uma vez dá espaço a produções convidadas, com destaque a filmes catarinenses e temas emergentes para a sociedade brasileira. O Festival será realizado de 4 e 10 de setembro no Cine Show Beiramar Shopping, em Florianópolis.
Após a Cerimônia Oficial, no dia 4, quinta-feira, às 17h, o filme convidado de abertura desta edição é o curta-metragem de ficção catarinense Notícias da Lua, de Sérgio Azevedo, que tem como destaque o diretor e o protagonista serem pessoas PCDs. Sérgio Azevedo é deficiente neurológico e o menino protagonista, o ator Davi Burg, é autista. No filme, produzido nas cidades de Brusque e Criciúma, Luã é um menino autista com hiperfoco em astronomia, e em uma visita ao Planetário, descobre que “um lobo comeu a lua”. Entendendo literalmente, ele começa uma investigação com a ajuda do zelador da escola, interpretado pelo ator Otávio Augusto, que finge ser astronauta e o ajuda a entender o que aconteceu. O filme será exibido com todos os recursos de acessibilidade.
A maior parte dos filmes convidados desta edição, oito documentários, estará no Conversas FAM de Cinema, iniciando no dia 5, sempre às 16h – exceto no sábado (6) – com exibições gratuitas seguidas de debate, uma oportunidade de interação do público com os realizadores. A primeira sessão terá quatro documentários com temática indígena e protagonismo feminino: Hermanas del Viento, de Julia Carrizo, da Argentina; Donas da Terra, de Ana Marinho, do Sergipe; Wadja, de Narriman Kauane, Pernambuco e Rami Rami Kirani, de Lira Huni Kui e Luciana Huni Kuin, do Acre.
No domingo, dia 7, o filme é o longa Naufragados, de Jorge Peña Martín, uma coprodução catarinense com a cidade de Málaga, na Espanha. Na segunda, 8, outro longa catarinense, Pedra Vermelha, de Ilka Goldschmidt e Cassemiro Vitorino. Não Dá Pra Esquecer, de Fabi Penna e César Cavalcanti, é o filme do dia 9 e Cobra Canoa, de Enio Staub, com temática indígena, será exibido no dia 10.
A Mostra ICPlay amplia a difusão dos filmes ao público de todo o país, com sessões on-line na plataforma de streaming Itaú Cultural Play. Serão seis filmes disponíveis entre os dias 05/09 e 04/10. A mostra traz uma retrospectiva com produções catarinenses emblemáticas da programação do FAM exibidas entre 2019 e 2024, os longas documentário Homens Pink, de Renato Turnes, O Último Filme de Meu Pai, de Fabi Penna, Quem Precisa de Identidade?, de Kátia Klock e Márcia Navai, o média documentário Pele Negra, Justiça Branca, de Cinthia Creatini da Rocha, Valeska Bittencourt e Vanessa Rosa Gasparelo, o curta de ficção Mar que Nos Rodeia, de Beatriz Silva, além de uma coprodução Brasil, Colômbia e França, a ficção Los Silencios, de Beatriz Seigner,
Confira as sinopses dos filmes
Filme de Abertura
Notícias da Lua: Luã é um menino autista com hiperfoco em astronomia, e em uma visita da escola ao Planetário, descobre que “um lobo comeu a lua”. Sem entender metáforas, o menino de 10 anos começa uma investigação para saber o que aconteceu com seu astro preferido. Fingindo ser um astronauta, Astor, o zelador da escola, ajuda Luã a entender o que aconteceu com a Lua e ela volta a brilhar no céu.
Conversas FAM de Cinema
Cobra Canoa: Doéthiro Álvaro Tukano retorna ao Alto Rio Negro no Amazonas depois de 40 anos e vai em busca das tradições de seus ancestrais, proibidas por padres Salesianos. Na luta pelo direito à terra e a cultura é perseguido e agora volta para resgatar o que a máquina do tempo não consegue apagar.
Donas da Terra: Ao retornarem às lembranças do período de lutas pelo território indígena Xokó, as mulheres destacam na narrativa coletiva novos personagens, modos de existência e performances. São histórias que se perderam no tempo, mas que permaneceram registradas nos corpos femininos. Ancorada no trabalho da memória da luta pela terra, Donas da Terra deságua na intersecção entre gênero e memória coletiva.
Hermanas del Viento: Há 25 anos foi fundada a banda de sikuris “Nuestra Señora de Fátima”, a primeira banda da Argentina formada apenas por mulheres. Na peregrinação a Punta Corral — uma tradição antigamente protagonizada por homens — a banda relembra a conquista desse espaço, a partir dos vínculos, dos medos, das motivações e da rede que formam por meio da música.
Não Dá Pra Esquecer: Pensadores e lideranças dos movimentos sociais dialogam sobre o apagamento sistemático da memória coletiva, em meio ao surgimento de grupos extremistas clamando pela volta da ditadura, propagando slogans totalitários, num combate explícito contra tudo o que representa a luta pelos direitos humanos. Familiares procuram informações e reparações sobre os mortos e desaparecidos no regime ditatorial.
Naufragados: O cineasta Jorge Peña Martín encontra numa praia misteriosa de uma ilha no sul do Brasil, e na comunidade que a habita, uma ponte sentimental com o bairro de Málaga onde cresceu – hoje invadido por turistas. Seu documentário observa de forma intuitiva um lugar condenado à morte (por um resort), sua história de naufrágios de galeões espanhóis e portugueses (ainda sob essas águas) e seus habitantes.
Pedra Vermelha: O anúncio da construção de 25 grandes hidrelétricas na Bacia do Rio Uruguai deu origem a um movimento de resistência que virou símbolo de mobilização popular. São mais de 40 anos de luta contra o dilúvio programado do Rio Uruguai. Uma pedra no caminho do projeto da Usina Hidrelétrica de Itapiranga.
Rami Rami Kirani: Até pouco tempo, as mulheres Huni Kuin não podiam consagrar e preparar o Nixi Pae (ayahuasca), apenas os homens conheciam o poder dessa medicina. Um filme sobre os aprendizados, as transformações e a força da ayahuasca através das mulheres Huni Kuin.
Wadja: O documentário biográfico conta a vida e carreira de Marilene Araújo, Wadja, mulher indígena, defensora das causas indígenas, da cultura, e fundadora da escola bilíngue Antônio José Moreira. Apresenta sua atuação pioneira na educação indígena e no ensino didático da língua materna do povo Fulni-ô, o yaathe.
Mostra ICPlay
Homens Pink: Os encontros entre Renato Turnes e nove senhores gays que compartilham com ele suas memórias. Os primeiros desejos, o despertar da sexualidade, o fervo da juventude gay num país sob a ditadura militar, a devastação da epidemia da AIDS, o enfrentamento das perdas e do estigma, a festa como território de resistência. As reflexões sobre a passagem do tempo e o envelhecer do homem gay no Brasil.
Los Silencios: Amparo precisa lidar com o desaparecimento da filha e do marido enquanto espera seus documentos para passar pela fronteira entre o Brasil, a Colômbia e o Peru, fugindo dos conflitos armados na região.
Mar que Nos Rodeia: Em um condomínio de uma cidade litorânea no sul do Brasil, enquanto a fotógrafa Ivana e seu filho Gil tentam começar uma vida nova em um dos apartamentos, o sumiço de uma bicicleta incomoda os moradores.
O Último Filme de Meu Pai: Telefilme documental sobre a vida e obra do cineasta Penna Filho. O documentário é poético-intimista e narrado por sua filha, a também cineasta Fabi Penna. A vasta produção audiovisual de Penna Filho (longas-metragens, médias e curtas, programas de televisão), seus programas de rádio e um pedaço do universo artístico-cultural de Santa Catarina e do Brasil, nos últimos 40 anos.
Pele Negra, Justiça Branca: Todos os dias eles precisam brigar para existir. Imigrantes e afrodescendentes no Brasil – um dos países mais racistas do mundo – movem-se para superar a luta da existência e ter um lugar melhor com respeito e direitos. Mas como garantir a própria identidade se o racismo é um crime tão perfeito em que o culpado acaba sempre sendo a vítima?